1. O que é o Projeto de Arquitetura?
A Arquitetura é uma ciência e uma arte, e está inserida na indústria da Arquitetura, Engenharia e Construção. AEC.
O Projeto de Arquitetura no âmbito da construção de edifícios como moradias, junto com os outros projetos complementares como o Projeto de Estruturas, podem ser considerados como o manual de instruções para a construção e manutenção de um edifício.
“Arquitetura é a arte científica de fazer as estruturas expressarem ideias“
Frank Lloyd Wright
2. Para que serve o Projeto de Arquitetura?
A Arquitetura ou o Projeto de Arquitetura, genericamente e no que respeita a edifícios, serve para resolver os problemas e as necessidades do espaço e do utilizador do espaço.
Para conseguir fazer isto, o autor do projeto – no contexto do projeto e construção de edifícios, falamos do autor do Projeto de Arquitetura – o Arquiteto, tem um vasto conhecimento de diversas disciplinas que vamos abordar mais à frente.
3. Quais as componentes do Projeto de Arquitetura?
São três as componentes ou camadas essenciais no Projeto de Arquitetura. A Estética, a Técnica e a Crítica.
Estas três camadas, interagem de forma orgânica e complementar na prática da arquitetura, contribuindo para a criação de espaços estruturalmente e tecnicamente funcionais, esteticamente atraentes e com significado.
Uma referência neste campo, é o arquiteto brasileiro Lúcio Costa. Ele foi uma figura essencial no projeto da cidade de Brasília, e a sua prática reflete a integração e complementaridade de elementos estéticos, técnicos e críticos.
“Arquitetura é coisa para ser pensada, desde o início, estruturalmente.
Lúcio Costa.
Arquitetura é coisa para ser sentida em termos de espaço e volume.
Arquitetura é coisa para ser vivida.”
3.1 A componente Estética
A primeira camada ou componente é a estética. É uma camada mais imediata e visual.
Está relacionada com a beleza, a harmonia e a experiência visual.
Tem em consideração elementos como a proporção, o equilíbrio, a cor, a textura ou a forma.
O arquiteto procura criar espaços que respondem às necessidades funcionais, e que ao mesmo tempo também proporcionam uma experiência estética ou visual agradável para o utilizador e para o observador.
A componente estética na arquitetura pode ser influenciada por diferentes estilos, épocas ou culturas, e pode refletir as preferências e valores estéticos de uma sociedade ou de um determinado momento.
Envolve o conhecimento de disciplinas de geometria e desenho como o desenho técnico e artístico, o uso de softwares de desenho e modelação, a criação de desenhos de concepção e modelos tridimensionais ou maquetes.
“A forma segue a função” – Nesta frase, Louis Sullivan, “pai do arranha-céus” e precursor do modernismo, destaca a importância de se considerar a função prática de um edifício na determinação da sua forma estética.
Louis Sullivan colaborou com Frank Lloyd Wright, na concepção de uma arquitectura funcionalista orgânica e afirmava que “se a forma segue a função, então o trabalho deve ser orgânico”.
3.2 A componente Técnica
A segunda componente é a Técnica. Procura estudar e resolver problemas técnicos. Refere-se à parte prática e funcional do processo de desenho e criação da construção.
Inclui considerações relativas à concepção estrutural, segurança estrutural, sistemas construtivos, escolha de materiais, sustentabilidade, eficiência energética, conforto térmico, insolação, ventilação, conforto acústico, as condicionantes e as necessidades do local e do espaço, os fluxos e o funcionamento, a topografia, os orçamentos para as obras de construção, o enquadramento com a legislação, …
Os arquitetos precisam de ter um conhecimento sólido de engenharia para garantir que seus projetos são viáveis do ponto de vista técnico. A aplicação eficiente dos princípios técnicos é essencial para garantir que um edifício é seguro, durável e capaz de atender às necessidades práticas ou funcionais para as quais foi projetado.
Vitruvius, arquiteto e engenheiro romano, é conhecido por estabelecer os princípios fundamentais da arquitetura clássica. A sua obra “De architectura” discute a tríade Vitruviana, que enfatiza a Firmitas, Utilitas e Venustas.
Firmitas (Firmeza/Solidez, que se refere à Estrutura), Utilitas (que diz respeito à Utilidade e Funcionalidade) e Venustas (referente à Beleza e Estética).
3.3 A componente Crítica
A terceira camada, a camada mais profunda, é a crítica e envolve a reflexão sobre o papel da arquitetura na sociedade.
Inclui considerações sociais, culturais, históricas, econômicas ou ambientais.
Os arquitetos devem pensar sobre o impacto dos seus projetos na comunidade, na sustentabilidade a longo prazo, na inclusão social ou na preservação do patrimônio cultural.
Envolve avaliar o contexto social, histórico e cultural em que o projeto é concebido, e avaliar como ele interage com as necessidades e valores da sociedade em que está inserido.
A camada crítica está relacionada com valores humanos, formais, artísticos ou políticos. Procura uma resposta ao Zeitgeist ou espírito do tempo.
Exige uma cultural ampla e um conhecimento de disciplinas como a história e teoria da arquitetura, história da arte, história do património, sociologia, filosofia…
“A arquitetura é a expressão da vontade de uma época, traduzida em espaço.” – Ludwig Mies van der Rohe, um dos principais nomes da arquitetura do século XX, menciona que a arquitetura não é apenas sobre forma, mas também reflete as aspirações e valores da sociedade.
4. O que é a linguagem num Projeto de Arquitetura?
O que é a linguagem num Projeto de Arquitetura, ou o que é a linguagem em Arquitetura?
Algumas das definições de “linguagem” pela infopédia:
“qualquer sistema ou conjunto de sinais convencionais, fonéticos ou visuais, que servem para a expressão dos pensamentos e sentimentos”
“modo particular pelo qual uma pessoa se exprime, oralmente ou por escrito; maneira de falar; estilo”
Linguagem pode ser definida como a forma de transmitir uma ideia.
Linguagem em Arquitetura é o modo como o Arquiteto, através da sua forma particular de ser e ver o mundo, entende e resolve as três componentes (Estética, Técnica e Crítica) do problema Arquitetónico.
É o conjunto de elementos e princípios utilizados para comunicar ideias ou conceitos, por meio da forma e da composição do modelo arquitetónico, de modo a resolver os problemas e as necessidades do espaço e do utilizador do espaço.
Na dimensão estética, a linguagem em arquitetura refere-se à expressão visual e formal (relacionada com formas, volumes, proporção, escala, estilo,…) dos elementos arquitetónicos, para resolver os problemas identificados.
Na dimensão técnica, a linguagem em arquitetura está relacionada à forma como os princípios de engenharia e construção são incorporados no projeto de arquitetura.
Por exemplo, refere-se à forma como os elementos estruturais e os seus materiais são incorporados no desenho de um edifício. Esta linguagem abrange a comunicação visual e funcional das escolhas estruturais feitas pelo arquiteto para sustentar e dar forma ao objeto ou espaço arquitetónico.
Linguagem em arquitetura, no contexto da estrutura, envolve trabalhar com vários conceitos: sistemas estruturais e materiais utilizados, critérios práticos de concepção estrutural, eficiência estrutural, expressão estética da estrutura – optar por destacar a estrutura ou os seus materiais como parte integrante da estética do edifício – dando enfase à forma da arquitetura sustentada pela estrutura, …
Na dimensão crítica, a linguagem em arquitetura refere-se à capacidade de transmitir ideias ou críticas relacionadas com o contexto social, cultural e histórico na sua mais ampla definição, por meio da forma e do desenho.
5. Qual a relação entre o Projeto de Arquitetura e o Projeto da Estrutura?
“Toda a Forma tem uma Estrutura e toda a Estrutura tem uma Forma.
Yopanan Rebello
A Estrutura e a Forma são um só objeto, e assim sendo, conceber uma implica conceber a outra e vice-versa. A forma e a estrutura nascem juntas. Logo quem cria a forma cria a estrutura.”
“Na boa Arquitetura, quando a Estrutura está pronta, a Arquitetura já está presente”
Oscar Niemeyer
De forma muito resumida, a idealização da Estrutura ou a concepção Estrutural, consiste em conceber um sistema estrutural que seja capaz de manter o edifício em equilíbrio, e ao mesmo tempo ser compatível e harmonioso com as restantes necessidades ou componentes arquitetónicas.
Tal como o projeto de Arquitetura, a concepção Estrutural é por natureza um processo criativo.
No entanto, a aplicação de metodologias práticas e especificas, podem ajudar a encontrar as soluções estruturais mais adequadas, eficientes e económicas.
Uma concepção Estrutural muito elementar, deverá prever qual o sistema de lajes para vencer os vãos propostos e a localização dos respetivos apoios.
Atenção, falamos de Concepção e não de Dimensionamento.
“Uma coisa é conceber a estrutura, outra é dimensioná-la para que seja capaz de suportar as condições de trabalho às quais estará submetida.
Yopanan Rebello
Conceber é compreender, entender e ser capaz de explicar.
Conceber algo não significa necessariamente materializá-lo.“
“Conceber uma estrutura é ter consciência da possibilidade da sua existência; é perceber a sua relação com o espaço gerado; é perceber o sistema ou os sistemas capazes de transmitir as cargas ao solo, da forma mais natural; é identificar os materiais, que, de maneira mais adequada, melhor se adaptam a esses sistemas.”
Yopanan Rebello
6. Referências
Yopanan Conrado Pereira Rebello – A Concepção Estrutural e a Arquitetura
Daniel da Silva Andrade – Concepção Estrutural e Linguagem Arquitetónica
Cairo Okuda – As 3 etapas do método de Projeto
Última atualização: 6 de Janeiro de 2024